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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Música Portuguesa nas Massas Nacionais



Sempre que falo com alguns dos meus amigos sobre Festivais, é normal ouvir comentários do género “O dia tal é mais fraco um bocado!”, “porquê?”, “porque tem uma banda portuguesa”. Eu pergunto sempre “Conheces alguma música deles?”. “Não, mas…”.

É natural que tal aconteça, ou pelo menos, compreensível. A falta de divulgação de projectos portugueses de qualidade cria o preconceito de que a música portuguesa limita-se a Perfumes e bandas do género. Não quero com isto dizer que eles não têm qualidade, mas é um grupo de bandas muito limitado ao pop.

Outro factor que conta muito na avaliação injusta de concertos de bandas portuguesas, também em pessoas que já conheçam melhor o panorama musical português, é o facto de elas tocarem muitas vezes em Portugal. A realidade é que tão grande número de concertos propicia a desvalorização de cada um deles. “Porque vamos nós pagar 40€ para ver os Xutos se os posso ver em qualquer ponto do país por 5€?”. esta foi a questão colocada por algumas pessoas que tinham comprado o bilhete para o Super Bock Super Rock Porto.

E soluções? Há? Sim, passando algumas pelas próprias bandas, outras pelas revistas e divulgações e outras ainda pelo público.

Penso que as bandas nacionais deviam apostar mais no estrangeiro, não só por uma questão de divulgação da sua música por uma maior quantidade de pessoas, mas também para valorizar os próprios concertos em palcos nacionais. Lembro que enquanto o concerto do Manel Cruz em Lisboa teve grande relevo (foi o seu primeiro ou segundo concerto em grandes palcos nacionais), a sua participação no festival Paredes de Coura, foi quase esquecida. Escusado será dizer que foi um grande concerto, segundo a Biltz, e, apesar de não ter visto este, já o tinha visto aqui em Arcos de Valdevez, e sei que os concertos dele são brilhantes.

Passando pelas publicações, lembro que na última Blitz em duas páginas couberam 15 grupos portugueses, enquanto os AC/DC , e o Michael Jackson, tiveram, respectivamente, duas capas e uma capa e um edição extra cada um em cerca de 6 meses ou pouco mais. Pergunto-me, não há grupos nacionais com qualidade para marcar presença em capas da Blitz? Nem sequer uma noticiazinha? Este mês ainda falaram dos 15 grupos promessa, onde acho que a inclusão de nomes de Sean Riley, Mazgani e Nuno Prata são contestáveis, porque eles são já nomes de valor inquestionável, e do Rodrigo Leão, mas noutros meses, como Maio e Junho, a presença foi muito pequena. Já em Abril o trabalho da Blitz é de louvar, com as notícias sobre Xutos e Mão Morta. Isto é o que a Blitz, e outras publicações pois claro (tomei a Blitz como referência por ser a que conheço melhor), devem fazer: escrever mais notícias, sem medo, de grupos nacionais.

Quanto ao público em geral, este deve, antes de mais, mudar a visão que tem das bandas portuguesas, e deixar de dividir música portuguesa e música internacional, e divulgá-la por entre os amigos que guardam mais rancor à música portuguesa. Isto pode ser mais difícil do que parece, mas não é impossível. Eu vou divulgar à minha maneira, pondo aqui no Blog, ou criando um específico para isso, algumas bandas nacionais. Compreendo que este post possa ser visto como uma certa discriminação da minha parte, mas o facto é que é necessária esta pequena discriminação, para acabar com outras bem maiores!

PS:. MELHORES CONCERTOS DO PAREDES DE COURA SEGUNDO A BLITZ

Franz Ferdinand
Jarvis Cocker
Sean Riley and the Slowriders
Nine Inch Nails
The Hives

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